segunda-feira, 19 de novembro de 2007

O Bom Pastor

Hoje vimos O Bom Pastor (The Good Shepherd). É um bom filme, mas não é para qualquer um.

Iniciando em abril de 1961 (tentativa de invasão americana a Cuba), o filme é um vai-e-vem de datas que exige muita concentração. Fala-se de temas interessantes, como o fracasso da invasão americana a Cuba pela Baía dos Porcos, uma das preocupações do protagonista Edward (Matt Damon), já que ele é suspeito de traição por ser um dos poucos a conhecer os detalhes do plano. A poderosa Skull and Bones, sociedade secreta da qual George W. Bush já declarou ser membro, também é citada. A sociedade originou-se na Universidade de Yale, onde estudaram vários prêmios Nobel e presidentes dos EUA, como Bill Clinton.

Entre a dedicação ao trabalho e a conseqüente desastrosa relação com a familia, Edward envelhece até o dia do casamento de seu filho e rejuvenesce ao dia do convite para ser membro da Skull and Bones, que já completara 100 anos à época. Na Skull and Bones Edward conhece pessoas influentes, mostra lealdade e começa a trabalhar em projetos secretos do governo americano, até participar da criação da CIA.

"A boa poesia é a música da Matemática. Números cantando. Olhem atrás das palavras para compreenderem seus sentidos." Não tem nada a ver com o contexto, mas gostei da comparação, feita no filme por um professor de Edward.

Nota 8. Assistiria novamente.

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

The Broker

Hoje concluí a leitura de The Broker, de John Grisham, que narra as reviravoltas na vida de Joel Backman, um poderoso lobbysta sócio de um temido escritório de advocacia de Washington. Acusado de diversos crimes, Joel decide declarar-se culpado de vários deles, mesmo com um staff invencível de advogados, para fugir da morte. Depois de seis anos preso, é surpreendido com a notícia de que Arthur Morgan concedeu-lhe o perdão presidencial poucos minutos antes de entregar o poder.

O livro, uma mistura não muito bem cosida de política, espionagem, alta tecnologia e aulas de italiano, é o mais longo que já li em Inglês. A inexperiência nesse tipo de leitura levou-me a ingenuamente acreditar que seria possível ler um livro de mais de 400 páginas anotando no rodapé todas as dúvidas de vocabulário que aparecessem. Só consegui fazê-lo até a página 10. É incômodo fazer anotações deitado ou ter que parar freqüentemente a leitura para consultar o dicionário.

Ignorando algumas palavras desconhecidas, raramente tive dificuldade em entender o contexto. Experimentei ler alguns capítulos ouvindo o audiobook, que também mostrou ser uma ferramenta útil para treinar a pronúncia. A história não superou minhas expectativas, especialmente no último quarto do livro e seu final à The Da Vinci Code.

Notei uma significativa melhora em formular sentenças na aula de Inglês, provando que um pouco de leitura diariamente é indispensável para o aprendizado de outra língua.

terça-feira, 20 de março de 2007

Crime e Castigo


Freqüentando fóruns e comunidades virtuais de bibliófilos tenho percebido a veneração de certos leitores por Dostoiévski. Li testemunhos em tópicos como "Quais são os 3 livros que você pretende ler novamente" ou "Quais livros marcaram sua vida" que, com freqüência, citam Crime e Castigo, O Idiota, Os Irmãos Karamazov e outras obras do autor em sua lista de preferidos.

Dostoiévski é um marco na vida de qualquer leitor. Depois de lê-lo tornamo-nos, de certa forma, mais exigentes.

Após dois recomeços e quase dois meses, entre os estudos para a prova de certificação que farei em breve, concluí a leitura de Crime e Castigo.

Oscilando entre momentos de lucidez e delírio na São Petersburgo pós-revolução industrial, o estudante Raskólnikov planeja o assassinato de Aliena Ivánovna, usurária (agiota). Após a execução do plano, sofre com as perseguições de sua própria consciência e o medo de que alguém o denuncie. O livro, realista, faz uma profunda análise da alma e instintos humanos sob dificuldades extremas (essa é a especialidade do autor).

Gostei da edição "de bolso" da Martin Claret. Há alguns erros, especialmente nas últimas 100 páginas, que não chegam a incomodar. As notas de rodapé são úteis e bastante esclarecedoras.

O problema de associar e memorizar os personagens, que às vezes são referenciados por dois ou três nomes diferentes e sem aviso, pode ser resolvido anotando separadamente o(s) nome(s) de cada um deles e seu relacionamento. Aliás, essa é uma boa prática para qualquer leitura.

A imagem acima é do filme Crime and Punishment, de 1935. Essa escada eu imaginava no sentido contrário. Veja mais no youtube.

Ótimo livro. Leria novamente.

Nota 9.

Capote


Ontem foi a vez de Capote, que conta os bastidores de In Cold Blood (A Sangue Frio), famoso livro-reportagem de Truman Capote.

O jeito extremamente peculiar de Capote chamam atenção do início ao fim do filme e dão uma certa graça ao personagem. A voz e a interpretação do ator já fazem valer o filme (também garantiram vários prêmios de Melhor Ator).

O livro fala dos acusados pelo assassinato de quatro pessoas e foi escrito paralelamente ao julgamento, condenação e execução dos assassinos. A afeição por um dos condenados deixa Capote em uma situação difícil. Essa relação e a forma como o livro é escrito torna-o particularmente importante para os estudantes do jornalismo, citado com freqüência nas universidades em discussões sobre o relacionamento jornalista/fonte.

É um bom filme, assistiria novamente, mas não me motiva a procurar o livro.

Nota 7.

terça-feira, 20 de fevereiro de 2007

Babel

Ontem, segunda-feira de carnaval, passamos o dia na Prainha. Mais tarde, de volta, entrávamos às pressas no shopping para pegar a única sessão do dia de Babel. Faltavam 5 minutos e a fila dava seis ou sete voltas. Apelamos para o atalho "Pipoca cara + ingressos sem fila" e conseguimos.

Com imagens marcantes, Babel é do tipo de filme que faz refletir. Embora com algumas partes questionáveis, dificeis de acreditar, e alguns personagens que se perdem, a indicação ao Oscar é merecida.

Exibindo várias histórias separadas geograficamente mas de alguma forma conectadas, o filme surpreende por ser contado em quatro línguas e não ter protagonista. O roteiro é uma mistura de Efeito Borboleta e Crash, mostrando como é tênue a fronteira que separa a vida comum do caos. Vou procurar os outros filmes de Iñarritu, o diretor.

O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias


A vida de Mauro, um garoto obrigado a viver de repente entre estranhos em uma outra cidade enquanto seus pais "saíam de férias" (fugiam da ditadura) é contada em O Ano em que Meus Pais Saíram de Férias. O filme se passa em 1970, ano de copa do mundo, e mostra conseqüências da repressão do regime militar.

Acolhido por um judeu solitário, Mauro não entende por que está ali, vive uma interminável expectativa de rever os pais e se vê obrigado a amadurecer sem a presença deles. Com uma pitada de comédia, especialmente quando entra em cena a garota judia e sua habilidade com os negócios, o filme também mostra hábitos da comunidade judaica.

domingo, 18 de fevereiro de 2007

A Rainha


O casamento que transformou Diana em princesa foi acompanhado por todo o mundo. As relações extra-conjugais do príncipe Charles fez com que anos depois o casamento fosse desfeito. O público sempre ficou do lado de Diana, que era vista como protagonista de um conto de fadas.

A morte da princesa, causada por um acidente automobilístido em Paris, gerou grande comoção popular. As conseqüências desse desastre, a popularidade de Diana, o conservadorismo da rainha Elizabeth II e da família real e sua relação com o recém-eleito Tony Blair são abordados no filme A Rainha.

Para a rainha Elizabeth II, Diana era uma ameaça à monarquia por sua falta de discrição, e inicialmente prefere não se pronunciar sobre a morte da princesa. O primeiro-ministro tenta mostrá-la que era hora de se adequar aos novos tempos e mostrar um posicionamento. É interessante notar o contraste entre o luxo do palácio e a vida simples de Blair, que chega a lavar a louça do jantar.

Agradou-me mais pelo registro histórico.

Cartas de Iwo Jima


Num sábado de carnaval me espantou ver mais da metade das poltronas ocupadas para assistir ao Cartas de Iwo Jima, o que me confortou um pouco por não ser o único avesso à folia. Todo carnaval tem seu fim, mas não esperava desejar (ou desejava esperar) tão ansioso pelo fim desse.

Ao filme. Também dirigido por Eastwood, o filme mostra o conflito entre japoneses e americanos na ilha de Iwo Jima, de importância estratégica para ambos os lados, durante a Segunda Guerra Mundial.

Analisar a batalha pelo lado dos japoneses mostra o quão irracional é a guerra e como a ignorância torna o homem influenciável. Suicidar-se para evitar uma morte indigna, morrer em nome da honra e do imperador? Um kamikaze, ao menos, alguns inimigos levava junto.

As imagens acinzentadas são ainda mais espetaculares do que as de A Conquista da Honra. A ação dos bombardeiros que antecede a invasão concorre para a imagem mais fantástica que já vi.

sábado, 17 de fevereiro de 2007

A Conquista da Honra


Hoje assisti novamente ao A Conquista da Honra com a Patrícia. É mais um de um tema que me atrai: Segunda Guerra. Tem um certo quê de documentário, reforçado por uma espécie de narrador, que às vezes aparece e acaba por borrar o cenário, especialmente por não terem mantido o título original, Flags of Our Fathers, que justifica a presença dele. O excesso de flashes que jogam o enredo para frente e para trás também atrapalham um pouco.

O filme, dirigido por Clint Eastwood e produzido por Spielberg, fala da invasão americana à ilha japonesa de Iwo Jima no final da segunda guerra sob a ótica ianque, costurada por uma trama protagonizada pelos, de certa forma, envolvidos na famosa foto dos soldados erguendo a haste com a bandeira americana sobre um monte na ilha. As imagens impressionam pela grandeza do espetáculo e pela violência.

Amanhã assistiremos ao Cartas de Iwo Jima, do mesmo diretor, que conta a versão japonesa dos fatos.

quarta-feira, 24 de janeiro de 2007

O Caçador de Pipas


Recentemente li O Caçador de Pipas. Embora timidamente mencionado na narrativa de Amir no best-seller de Khaled Hosseini, o contexto histórico ajuda a compreender melhor a cultura e sociedade do Afeganistão e do Paquistão no período entre a pré-invasão russa (monarquia) e o pós-talibã.

Da vida de Amir, especialmente do seu relacionamento com Hassan, podemos retirar lições aplicáveis à vida de qualquer um: resolva o problema antes que ele tome proporções incontroláveis; mantenha seus valores; tenha valores; há uma relação muito estreita entre honra e coragem; cultive e mantenha os laços familiares enquanto há tempo.

É uma boa leitura, mas, mesmo assim, o contexto histórico, as lições, a angústia de Amir e a subserviência comovente de Hassan não são suficientes para motivar uma releitura.